O que os homens acham das mulheres gordinhas? Ampliando a
pergunta, vou falar sobre o que os homens acham das mulheres. Sim, mulheres, no
geral.
Começo com uma hipótese: há dois tipos básicos de mulheres.
Um deles diz respeito àquelas que ilustram capas de revista. Magra, cintura
perfeita, pele incrível, seios absurdos, mãos delicadas, barriga inexistente,
unhas provocativas, coxas torneadas…
A impressão de um estereótipo que, por retratar o padrão de
“mulher bonita”, destaca aquelas com a genética impecável – às vezes nem tão
impecável assim (já viu o dedão da Megan Fox?) – e exige uma dedicação quase
única e exclusiva à imagem e ao culto do corpo.
Outro reúne aquelas mulheres reais, com desejos, obrigações,
trabalhos, pressões, angústias e intempéries hormonais.
No entanto, se observarmos as mulheres perfeitas para além
da capa de revista ou do cartaz do cinema, talvez encontrássemos mais mulheres
reais, afinal ser a Scarlett Johansson não garante a ausência de outras formas
de imperfeição, assimetria, decrepitude e problemas.
Portanto, descartando a hipótese inicial, se nos
aproximarmos, se olharmos de perto, encontraremos só um tipo de mulher, ou
seja, tipo algum, só mulher mesmo. No plural, melhor: mulheres. Mulheres
tangíveis.
Quem são as garotas que moram
ao lado?
Aquelas que acordam às 6h, tomam banho correndo, tomam um
iogurte de café da manhã, leem o jornal e terminam de se maquiar no carro ou
metrô. Aguentam esporro do chefe, ganham menos, ignoram todas as cantadas
idiotas e nojentas que só nós homens somos capazes de conceber…
São essas mulheres, com uma rotina muito mais excruciante
que a nossa, que ainda precisam se manter no peso ideal, sem estrias, sem
culotes, sem bad hair day, sem peito caído e mais infindáveis neuras, um bocado
delas reforçadas pelos padrões de beleza e ou outro bocado marteladas pela
cobrança natural que as mulheres se impõem – para se sentirem bonitas,
desejadas, femininas e tantos outros adjetivos.
Nessa correria pra assobiar e chupar cana todos os dias, às
vezes escapa uma unha por fazer, uma perna mais cabeluda, uma barriguinha mais
saliente.
Mas você, homem consciente, inteligente, sensível e, acima
de tudo, esperto, sabe mais do que ninguém que tudo isso é bobagem. E que maior
bobagem ainda é reforçar as cobranças que as mulheres já se fazem todo dia.
Tudo o que elas menos
precisam de você...
Responder automaticamente àquela pergunta cabeluda da mulher
sobre o peso, o cabelo, o peito ou as unhas é um crime maior do que dar a real.
Um displicente “Não, amor, que é isso!” enquanto você mantém os olhos no
monitor é a prova final de que você não está nem aí, seja para a mulher ou para
a pergunta dela.
Aquela “Amor, você acha que eu estou gorda?” nada mais é que
um pedido de “Por favor, me ajude a lutar contra a minha autoestima e a minha
necessidade de afirmação e me diga que eu estou linda”. Não quero crer que esse
raciocínio seja só meu e nem que você, homem ou mulher, vá se ofender com isso.
Afinal, qual é o homem que não gosta de ouvir um “Nossa, fulano, a noite de
ontem foi incrível!” e variáveis mais íntimas acompanhadas dos sinais básicos
da sinceridade?
Homem gosta de mulher. E um cara perspicaz sabe que ter uma
mulher satisfeita e realizada, feliz consigo mesma, é muito melhor do que ter
uma mulher que vive no esforço de manter um padrão, que se furta até a comer um
chocolate porque engorda, que não consegue escolher uma bebida num cardápio sem
fazer as contas das calorias ou pedindo que a caipirinha seja feita com
adoçante.
E, antes que você me entenda mal, o que estou dizendo é que,
você, homem, não deveria reforçar as neuras que já pesam tanto sobre as
mulheres. Elas fazem isso bem melhor e há muito mais tempo que você. E,
acredite-me, não precisam de você para ampliar isso. Ela só precisa que você
goste dela – como se diz nos livros de autoajuda – como ela é.
Quem é você?
Além disso, quem é você pra apontar o dedo ou “botar banca”
desse jeito? Por acaso você é alto, barbado, tem braços e mãos fortes, barriga
tanquinho, coxas grossas, bunda grande, ombros largos, queixo quadrado e tantas
outras características que fariam “qualquer” mulher babar?
Se você se permite tantas imperfeições, por que dar uma de
moleque mimado?
Mulheres, mulheres, mulheres…
Durante uma ida a um bar, uma caminhada pelo bairro, um
passeio pela praia, você vai cruzar com mulheres das mais diversas formas.
Altas e magrelas, baixinhas e mais cheinhas, mais peito,
menos peito, mais bunda, menos bunda, mais barriga, menos barriga, algumas
estrias aqui, um culote ali – isso sem contar todas as combinações possíveis… A
variedade é imensa.
Resta saber se você prefere babar numa folha de papel
produzida em série ou se relacionar com alguém tão real e única quanto você.